segunda-feira, 15 de março de 2010

A SOCIEDADE E A VISÃO DO SEXO

VISÃO DO SEXO NA SOCIEDADE
 Na antigüidade e na Idade Média, as crianças européias falavam abertamente de sexo. A partir do século XVI os europeus passaram a redefinir a criança como um ser inocente o que se perdurou até hoje.
 O sexo foi ligado a algo "sujo" e "mau". Apesar de reconhecermos a sexualidade como prazerosa, o sexo também é usado em nossa sociedade como fonte de lucro e opressão como em propagandas de televisão, prostituição, pornografia etc. Com isto procuramos afastar nossos filhos desse meio esquecendo-nos mesmo dos prazeres pessoais que o sexo nos proporciona.
Antigamente os valores mudavam muito lentamente. A partir do surgimento dos meios de comunicação, o processo de mudança de concepções e quebra de tabus ficou bastante acelerado. As novelas, os filmes e propagandas colocaram o sexo como chamada de atenção para seus produtos. Os pais, em meio a tantas mudanças, ficaram meio perdidos visto que, no seu tempo, como dizem, não havia tanta liberdade cuja educação era mais rígida e tradicional.
Atualmente, urge uma necessidade maior de se conversar com os filhos e alunos, no caso da escola, sobre sexo, um assunto tão relevante e que bem sabemos, faz parte do cotidiano de todos, seja de forma direta no caso dos casais, seja de forma indireta no caso das crianças que são diariamente expostos a propagandas e novelas que se usam desta ferramenta para aumentar sua audiência. O mais agravante é que as crianças menores não compreendem o significado destas mensagens na televisão, construindo assim conceitos distorcidos e fantasiosos sobre a sexualidade.
O sexo também não é mais visto como pecado por muitos. A virgindade deixou de ser tabu para se tornar uma opção. Existem muitas fontes de informação e um ambiente mais favorável onde o tema já é discutido em muitas famílias e escolas, ainda que seja com restrições e preocupações. Os adolescentes conquistam cada vez mais a liberdade de escolher o momento da própria iniciação sexual.
Mas, paralelo a este sexo despojado de preconceitos surge a era do sexo perigoso, diante do qual faz-se necessário alertar para perigos como doenças, gravidez precoce e indesejada e muitos outros fatores conseqüentes da falta de informação.
No entanto, informar apenas não basta. Sentimentos como afeto, fantasias, medos, não são compartilhados entre pais e filhos porque ainda existe um clima de vergonha no ar.
 FREUD E A SEXUALIDADE INFANTIL
 Inicialmente, Freud acreditava que a sexualidade humana só se desenvolvia na puberdade, período em que o organismo poderia procriar. Entretanto ele começou a rever estas questões com estudos sobre a sexualidade infantil.
Freud fala das pulsões sexuais que são vividas livremente pelas crianças e experimentadas à parte não havendo ainda um objeto sexual. A pulsão sexual tal como vemos em ação em um adulto é composta de pulsões parciais, cuja ação se observa nas preliminares do ato sexual. Cada pulsão se liga ao prazer extraído do órgão a que estiver vinculado. Exemplo: olho, no caso da contemplação; genital próprio, no caso da masturbação; boca, no caso da sucção do polegar; ânus, no caso da defecação. Será uma pulsão dirigida ao próprio corpo que não buscará um outro corpo, como acontecerá na puberdade. (KUPFER, P. 41, 1997).
Como há ausência do objeto sexual, a pulsão sexual não possui outros fins senão os propriamente sexuais e é passível de sublimação. É aí que interessa ao educador cuja educação, segundo Freud, terá seu papel primordial. O indivíduo, havendo a "dessexualização" do objeto poderá voltar-se para atividades sexualmente elevadas, tais como, produção científica, artística e tudo aquilo que proporcionar bem estar. Essas atividades serão impulsionadas pela libido, mas a antiga ânsia sexual ainda permanece só que de modo mais brando, terno, prazeroso.
Para entendermos a sublimação tomaremos como exemplo a pulsão parcial anal: quando esta fase está sendo construída a criança volta-se para tudo que diz respeito a esta região do corpo. Descobre que dela se desprendem as fezes. É natural que desejem manipulá-las. Mais tarde, parte dessa pulsão será reprimida, parte irá compor a sexualidade genital e parte será sublimada, transformando-se, por exemplo, na atividade de esculpir argila, havendo dessexualização do objeto no caso, a argila.
 Crianças de tenra idade sentem prazer ao urinar ou defecar querendo brincar ou pegar. Podem querer examinar seus genitais ou dos amiguinhos. Os pais ao ver qualquer destas cenas, não devem surpreender-se ou aborrecer-se. Os pais ou pessoas que trabalham com crianças devem ter em mente que a masturbação é normal e faz parte do processo de conhecimento de seu corpo. O problema é que isto nos traz um certo desconforto porque é muito provável que nossos pais tenham nos dito que isto era feio ou para não fazer isto de novo.
Realmente é difícil para os pais lidarem com situações como estas, mas é necessário aprender para não serem severos. Não devemos olhar os atos infantis comparando-os com a dos adultos. A criança não faz nenhuma relação com o "sexo em si", ela apenas sente prazer. Mais tarde poderá sentir-se culpada por ter sido desaprovada pelos pais ou pessoas que trabalham com elas e esta culpa poderá ser levada para sua própria experiência sexual.
Freud coloca os pais como pessoas incompetentes para a tarefa da educação sexual preferindo que estes não se ocupem desta tarefa. Para ele, os pais esqueceram-se da sexualidade infantil e, se esqueceram, é porque houve repressão. (KUPFER, p. 47, 1997). Se houve repressão inevitavelmente algum recalque ainda permanece. Então como agir mesmo com todas as nossas frustrações, recalques e conflitos ainda que inconscientes?

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