quarta-feira, 31 de março de 2010

PAIS, FILHOS E NEE

, Para proporcionar à criança um meio favorável ao seu processo de desenvolvimento e educação, há que aceitar as suas necessidades específicas, porque só pela satisfação dessas necessidades a criança se pode desenvolver, realizar e educar. As necessidades da criança são múltiplas e nem sempre são sucessivas, até podem ser simultâneas, sobrepondo-se e até mesmo contradizendo-se. Daí que seja necessário ter um mínimo de conhecimentos e capacidades para que esta tarefa tenha sucesso. A criança necessita de espaço, de possibilidades de acção e de segurança, cujos pilares afectivos são o amor, a compreensão e a liberdade.
Apesar de ser junto da família que a criança tem maiores possibilidades de encontrar um meio adequado ao seu desenvolvimento, uma família que desconheça as suas responsabilidades relativamente à criança pode fazer com que esta fique sobrecarregada de angústias e inibições, afectando o equilíbrio psíquico, o crescimento, o desenvolvimento e a maturidade. É de facto no ambiente que a envolve que a criança absorve os elementos que irão ajudá-la ao nível da coordenação psíquica e emocional.
Os pais de crianças com Necessidades Educativas Especiais (NEE) enfrentam inúmeros desafios, situações difíceis e circunstâncias com que os outros pais nunca se depararão. Com frequência, só quando a criança é mais velha e se relaciona com outras da mesma idade é que as suas dificuldades se tornam mais evidentes para os pais. Os profissionais sentem extrema dificuldade em orientar e apoiar os pais, quando estes se recusam a admitir que o seu filho tem NEE. Por estas razões, é importante que os educadores estejam igualmente sensibilizados para os problemas dos pais e os ajudem a estabelecer objectivos académicos e sociais que sejam razoáveis e adaptados aos seus filhos.
Quando se trata de uma criança com NEE, a tendência é ser-se demasiado protector. Pais e professores podem sentir uma necessidade de proteger a criança de qualquer fracasso ou rejeição. No entanto, desta forma estão apenas a manter a criança à margem de qualquer actividade que considerem arriscada e em que as dificuldades se tornem óbvias ou em que a criança possa experimentar algum fracasso. A protecção excessiva impede assim a existência de oportunidades para resolver problemas e tomar decisões, dificultando a autonomia e desenvolvimento da criança.
Para que uma criança com NEE cresça e se desenvolva social e emocionalmente, é necessário que pais e professores compreendam que ela não necessita de ser alvo de protecção redobrada, mas sim que essa protecção seja menos activa. O facto de se ser menos protector permitirá que a criança seja mais auto-confiante e segura em si própria.
Os pais e os professores precisam de desenvolver a consciência individual da criança, enfatizando as suas qualidades, pontos fortes e talentos que a tornam única. Desde que lhe seja dada oportunidade para tal, toda a criança com NEE pode dar o seu contributo na dinâmica familiar.
Referências Bibliográficas:
GEP. (1987). A Criança Diferente. Editorial Mec.
Kirk, S. A. & Gallagher, J. J. (1991). Educação da Criança Excepcional. Martins Fontes, (trad. 2.ª ed.).

Nenhum comentário:

Postar um comentário