A dislexia caracteriza-se por uma dificuldade na aprendizagem e automatização das competências de leitura e escrita, em crianças inteligentes, sendo a sua origem neurobiológica.
As crianças com dislexia revelam muitas dificuldades em adquirir e desenvolver o mecanismo da leitura e da escrita.
Apresentam uma leitura muito lenta, com bastantes erros e trocas de letras e sílabas, e dificuldades na compreensão da informação lida. A sua escrita surge com bastantes erros ortográficos, as frases e os textos que escreve são confusos, com pouco vocabulário, em que a qualidade da sua letra pode ser má, irregular e disforme, como também lacunas na estruturação e sequênciação lógica das ideias, surgindo estas desordenadas.
Apesar destas dificuldades, as crianças disléxicas apresentam uma eficiência intelectual normal ou superior, podendo evidenciar capacidades acima da média em determinadas áreas que não dependem da leitura e escrita (desenho, desporto, música, etc.).
As principais manifestações da dislexia nas competências de leitura e escrita são:
- Leitura silábica, decífratória, hesitante, sem ritmo, com bastantes correcções e erros de antecipação.
- Velocidade de leitura bastante lenta para a idade e para o nível escolar.
- Omite ou adiciona letras e sílabas (ex: famosa-fama; casaco-casa; livro-livo; batata-bata; biblioteca/bioteca; ...).
- Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças subtis de grafia ou de som (ao; c-o; e-c; f-t; h-n; m-n; v-u; f-v; ch-j; p-t; v-z;...).
- Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço (b-d; d-p; b-q; d-q; a-e;...).
- Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras (ai-ia; per-pré; fia-fal; me-em; sal-Ias; pla-pal; ra-ar;...).
- Substituição de palavras por outras de estrutura similar, porém com significado diferente (saltou-salvou; cubido-bicudo;...).
- Dificuldades em exprimir as suas ideias e pensamentos em palavras. Dificuldades na memória auditiva imediata.
- Ilegibilidade da escrita: letra rasurada, disforme e irregular, presença de muitos erros ortográficos e dificuldades ao nível da estruturação e sequenciação lógicas das ideias. Podem surgir ideias desordenadas e sem nexo.
As crianças disléxicas são crianças com dificuldades de aprendizagem, que pelo facto de serem inteligentes e usufruírem de oportunidades socioculturais adequadas, vivênciam com grande frustração essas mesmas dificuldades. Muitas vezes, como estratégia de protecção da sua auto-estima, deixam de investir nas tarefas académicas, pois torna-se para elas insuportável esforçarem-se tanto e obterem resultados sempre muito reduzidos.
As competências da leitura e escrita são consideradas como objectivos fundamentais de qualquer sistema educativo. A leitura e a escrita constituem aprendizagens de base e funcionam como uma mola propulsora para todas as restantes aprendizagens. Assim uma criança com dificuldade nesta área apresentará lacunas em todas as restantes matérias, o que provoca um desinteresse cada vez mais marcado por todas as aprendizagens escolares e uma diminuição da sua auto-estima e motivação.
Os pais e professores deverão estar atentos para os seguintes sinais:
- reduzida motivação e empenho nas actividades que implicam competências de leitura e escrita.
- sintomatologia ansiosa perante situações de avaliação.
- sentimento de tristeza e de auto-culpabilização.
- sentimento de insegurança e de vergonha.
- sentimento de incapacidade, inferioridade e de frustração.
- atitude depressiva diante das suas dificuldades.
- agressividade e angústia.
- reduzida auto-estima e auto-conceito escolar.
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- Disortografia - Dificuldade na produção escrita(presença de muitos erros ortográficos).
- Disgrafia - Dificuldade na grafia, no traçado e na forma das letras e palavras.
- Discalculia - Dificuldade na simbolização dos números e na capacidade aritmética.
Perceber a problemática emocional associada à dislexia é fundamental a qualquer educador, uma vez que, se as questões emocionais não forem devidamente geridas, o insucesso pode redundar numa rejeição total de todas as actividades de âmbito escolar. Por esta razão, quer os pais, quer os professores deverão valorizar todos os progressos obtidos pelas crianças, centrando-se mais pequenas conquistas que nas falhas. O seu discurso relativamente à escola deve ser assim marcado por observações positivas e por uma atitude de apoio.
Sempre que a criança disléxica tenha uma área forte, essa deverá ser valorizada desenvolvida, não só com o objectivo de fortalecer a sua auto-estima, mas também pelas implicações que essa mesma área poderá ter em termos de futuro profissional.
O professor deverá evitar que o aluno leia em voz alta, se isso for contra sua vontade.
Deverá também, sempre que possível, avaliar o aluno oralmente e, na situação de avaliação escrita, ler o teste em voz alta para toda a turma. Os testes deverão ser sempre impressos numa letra de tamanho catorze.
Colocar o aluno numa das carteiras mais próximas do professor é outra medida importante, na medida em que este poderá, assim, vigiar melhor a atenção e as dificuldades do aluno.
Os trabalhos de casa da criança disléxica deverão ser mais curtos e motivantes. Os erros nunca devem ser corrigidos de forma negativa e crítica.
Na dislexia, como em todas as outras necessidades educativas especiais, só pode haver sucesso adoptando uma pedagogia diferenciada e compreendendo que por trás do mau comportamento e do desinteresse existe frequentemente um pedido de ajuda.
Uma nota explicativa das condições especiais de correcção das provas elaborada pelo Juri Nacional de Exames pode ser solicitado no Gabinete de Psicologia..
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